domingo, 7 de setembro de 2008

1) BAKHTIN E A DIALOGIA.

Um dos principais pontos entrada de uma filosofia inovadora. Esta roda de conversa pretende concentrar as reflexões em torno da fundação dialógica do pensamento bakhtiniano, sua importância para a filosofia de linguagem desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin e para os estudos de linguagem na atualidade.

Obs.: Utilize o link de comentários abaixo para discutir o tema dessa Roda de Conversa.

11 comentários:

Unknown disse...

Para puxar a conversa, um pouco de literatura, com a qual me deparei ao mesmo tempo que me encontrei com a dialogia bakhtiniana, fundada na interação, nas muitas vozes que nos compõem e compoõem nossos discursos: “Contar é muito, muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas – de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. O que eu falei foi exato? Foi. Mas teria sido? Agora, acho que nem não. São tantas horas de pessoas, tantas coisas em tantos tempos, tudo miúdo recruzado.” (João Guimarães Rosa, no livro "Grande Sertão: Veredas")

Anônimo disse...

Contar dialogizando. Dialogia significa que tudo está conectado com tudo. Porque a dialogia não é um conceito relativista? Daí a importancia do sujeito "contador" que, do olhar que coloca as coisas em um excedente de visão comum (dele e de seus Outros), recruza os miúdos, os tempos, as pessoas... os futuros.

Anônimo disse...

A radicalidade da dialogia está no respeito profundo à contribuição potencial de todos e de qualquer um. É facil reconhecer que vozes nos constituem, mas bem difícil acatar essas vozes. Será que o ser humano tende sempre a monologizar?

Anônimo disse...

Anônimo, suponho que sim. Até como forma de percepção no caldo radical da dialogia - ainda que momentânea - de "unidade subjetiva", de não "contínua esquizofrenização subjetiva". Suponho ainda que, cabe a cada um - no balanço consciente e responsível* entre a percepção de si como "unidade" ou como "esquizofrenização" - permitir que vozes, as tantas vozes conflitantes ou só diferentes - se manifestem ou sejam caladas.
(*Li esse termo pela primeira vez em Adail Sobral,"Ato/atividade e evento", em "Bakhtin: conceitos chave", 2008. Responsável e respondente simultaneamente. Me apropriei)
PS: não consegui usar minha senha, eu sou a vivian

Anônimo disse...

"Apropriar-se" é bem bakhtiniano. Responsível é o contrário de monologizante, a não ser que o sujeito se responsabilize e responda a/por sua monologização.

Anônimo disse...

Dialógicos...vozes de todos e de qualquer um, mas haveria nesse dialogismo, algumas forças que possibilitariam que apenas algumas ecoassem? Haveria nesse processo, que parece de fato descrever algo real, afinal, quando falamos, falamos aos outros e por causa doutros que por nós passaram, passam e transpassam... Mas, haveria nesse dialogismo, vozes que ecoam com mais força? Vozes que se fazem ouvidas em tom mais alto? Gritantes? Permitidas, Permissivas? Que vozes? De onde e porquê?
Porque é permitido, a algumas vozes, o debate e a outras, ignora-se? Porque algumas vozes legitimam ações e a outras ignora-se?
Porque a alguns se permite a voz e a outros ingora-se?
Potencializam-se as vozes de todos e de qualquer um?
Todas têm a mesma intensidade?
Porque discussões, como as que aqui se fazem, só se fazem entre "iguais"?
Vozes que parecem ecoar harmoniosamente a mesma toada...
Porque algumas vozes são mais altas? Porque são as mais ouvidas?

Anônimo disse...

Desculpem entrar na conversa sem saber de nada, sou estudante do curso de Ciencia da Computação e meu prof de inglês técnico, por alguma razao que nao sei, nos deu um texto em inglês para traduzir e interpretar sobre esse tal Circulo de Bakhtin... e tambem sobre relaçoes dialógicas perspectivas... usando criança-adulto nessas relações... voces poderiam me dar um parecer breve do que se trata realmente esse Círculo de Bakhtin? Desde já, obrigada!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Legnar disse...

Dialógicamente tudo está conectado com tudo,a sincrônia dessa conecção, e a polifonia discursiva, tudo muito bem explicado por Guimarães Rosa : "São tantas horas de pessoas, tantas coisas em tantos tempos, tudo meio recruzado."

Legnar disse...

Se tudo tá conectado com tudo, deve o contador estar situado no tempo, então do barro qual ele é feito( discursos tranversais, ideologias e etc contextualizar como bem explicou o Guimarães Rosa:
" São tantas horas de pessoas,( sincronia) tantas coisas em tantos tempo,( contexto) tudo muído recruzando."( polifonia)

Anônimo disse...

Eu acho para uma questão de ordem , não deveriamos limitar o conceito baktiniano de Vozes. no meu entender se levarmos este conceito para uma amplitude da linguagem. Podemos perceber como a sociedade esta sempre dialogando com as vozes da coerção dos aparelhos ideologicos do estado, a todo instante como individuos somos achadosm a participar deste dialogo que é colocado pelo estado. viva a democracia e suas vozes dissonantes.