domingo, 7 de setembro de 2008

13) BAKHTIN E A MÍDIA.

A proposta desta roda de conversa é possibilitar o diálogo das idéias do Círculo de Bakhtin com o universo da mídia. Partindo da idéia de que a interação é ponto fundante nas concepções de linguagem e comunicação para o Círculo, propomos pensar as relações da mídia com: os interlocutores, o poder, as ideologias e as linguagens.

Obs.: Utilize o link de comentários abaixo para discutir o tema dessa Roda de Conversa.

3 comentários:

Anônimo disse...

Penso que podemos começar uma discussão através de uma proposta feita por Holmer e Lazarsfeld, que é tentar descobrir se a mídia é tão importante quanto todos acreditam que ela seja, de ter poderes ou até ser o "quarto poder" dentro de uma estrutura política social. Se formos procurar em Habermas, quando o espaço privado que se torna público ele acaba, através da mídia, sendo passível de ser publicizável. Logo a mídia seria o local onde é possível dizer algo para o social. Contudo, esse algo é dentro da ideologia oficial, uma vez que a mídia, no Brasil, é formada por empresas que visam o lucro.
Assim, enquanto de um lado temos mídia sendo o espaço das vozes, da alteridade de pensamento, de outro temos um modelo de negócio que serve ao status quo operante. Voltemos a pergunta primeira: é tão importante a mídia assim? Creio que sim, pois é um lugar que se diz dialógico no estilo, mas não é na gestão e também não na forma. As vozes que ali estão presente são controladas seja por quem pode ou não falar ou pela edição. Só que é socialmente aceito o valor de verdade que comportam os dizeres midiáticos, o que faz torna uma engrenagem bem azeitada e de difícil desconstrução.
Assim, temos que discutir os efeitos que podem ocorrem ao tentarmos mudar o modo de produção e circulação da informação midiática, já que ela leva dentro de si gêneros secundários que ajudam a constituir agendas políticas públicas.
(Tentei jogar algumas idéias para discutirmos, espero que tenho sido claro...)

Anônimo disse...

Caro Romulo, sua proposta de discussão é pertinente, a mídia constitui agendas e elabora um circuito de comunicação e ação de uma ampla agenda social. Em Bakhtin temos um refinado e completo sistema metodológico de estudo da comunicação. Sua proposta de filosofia da linguagem permite um estudo apuradíssimo destas questões, seja pelo viés epistemológico, ético, estético, ontológico etc. A mídia apresenta diversos campos sociais e diversas esferas de criação ideológica, com signos impressos em cadeias discursivas e em dialogia com outros discursos e ainda com diversas vozes, demonstrando por exemplo, a formulação de uma mídia objetivada em realizações materiais, nos mais diversos interesses. Por meio da apropriação da dialética promovida por Bakhtin, seus movimentos como conteúdo-forma, tempo-espaço, entre outros, podemos realizar estudos da comunicação social que permitem a materialização de conceitos abstratos e a compreensão, por exemplo, da elaboração de uma agenda social, cada vez mais evidente e preocupante nos dias atuais, principalmente em tempo de eleições como as que vivemos.

Anônimo disse...

Sim, a mídia tem poder, e serve a interesses múltiplos. Tenho visto a possibilidade de ruptura à linguagem hegemônica através do uso e da (re)interpretação das linguagesn e uso de diferentes mídias - apropriação para servir a outros, polifonicamente e por meio de diálogos. Rádios "piratas", fanzines, conceitos de educomunicação - sim, somos muito e somos fortes, capazes de criar e recriar mecanismos e linguagens. OBS: desculpe o entusiasmo do momento.