domingo, 7 de setembro de 2008

5) BAKHTIN E A AUTORIA E ESTILO.

Nesta roda de conversa pretende-se levantar os aspectos do tratamento dado a estes temas e suas várias retomadas ao longo dos escritos do Círculo de Bakhtin. Pensar a relação entre ética e estética, não apenas nas produções artísticas, mas no seio da vida social, concebendo autor como o sujeito da atividade que impõe sua marca no discurso pelo estilo de forma dialógica, numa concepção diferente do que se diz sobre estilo nas ciências humanas.

Obs.: Utilize o link de comentários abaixo para discutir o tema dessa Roda de Conversa.

6 comentários:

Maria Angélica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Angélica disse...

Acredito que pensar estilo em Bakhtin seja pensar na questão do acabamento estético [sempre provisório]. Sendo assim, em se tratando de Bakhtin,eu, particularmente, acho difícil pensar estilo vinculado a um autor em particular, mas sempre penso em algo produzido por uma autoria, em um momento específico em um contexto específico. Estaria mais para estilo de texto [não estou considerando,para essa fala, estilo de gênero].
Falar em estilo em Bakhtin, para mim, é falar em estratégia, é falar em condução, em interlocução mesmo.
Se é que estilo é o que penso que é, para mim ele é o lugar por excelência da interação na linguagem.
Gostaria de ver essa roda girar...

Vívian disse...

Angélica, gostei de sua intervenção, concordo, sobretudo com "Falar em estilo, em Bakhtin, para mim, é falar em estratégia, é falar em condução, em interlocução mesmo."
Você diz que não está pensando em estilo do gênero, mas, considerando essa sua afirmação citada, o estilo do gênero não seria mais uma "condição de produção" de constituição da autoria, da estratégia, da condução, num dado ato de linguagem do sujeito? Ou isso que penso é uma visão cartesiana demais?

Maria Angélica disse...

Sim, Vivian!
Acho que você tocou em um ponto importante. Eu disse que não estava considerando, 'para aquela fala', o estilo de gênero, exatamente pelas condições que você colocou: entendo o estilo de gênero assim, como você disse, como uma espécie de 'condição de produção' e um lugar de constituição da autoria.
Se pensarmos em termos de acabamento 'estético', provisório, isso não me parece uma visão cartesiana não.

Anônimo disse...

"Estilo de texto" soa estranho, não? Porque Bakhtin tem uma concepção particularíssima de 'texto' e, nela, não cabe estilo, pois um dado texto pode servir a estilos distintos, não? Eis uma questão a discutir.

Maria Angélica disse...

Sim, é verdade que Bakhtin tem uma concepção particular de texto.
Talvez eu tenha me expressado mal quando disse "estilo de texto" para opor a estilo de autor.
Para Bakhtin, o texto é a enunciação completa e ele diz, lá no cap 8 de "Marxismo e filosofia da linguagem" que "o pensamento linguístico perdeu, sem esperança de reavê-la, a percepção da fala como um todo",que é o que daria "uma compreensão real, concreta, não escolástica das formas sintáticas."
É no mesmo capítulo que Bakhtin diz que "Na base da divisão do discurso em partes, denominadas parágrafos na sua forma escrita, encontra-se o ajustamento às reações previstas do ouvinte ou do leitor.É a esse tipo de ajustamento, ao acabamento provisório, mas necessário, que estou chamando de estratégia e que estou dizendo que não é de autor, mas é a exigência do curso do texto, do curso da enunciação...