domingo, 7 de setembro de 2008

9) BAKHTIN E CARNAVALIZAÇÃO.

Bakhtin estuda o processo de carnavalização como manifestação da cultura popular a partir da obra de François Rabelais, na Idade Média e no Renascimento. Esta roda de conversa pretende explorar a compreensão de que algumas características desse processo persistem até hoje – a festividade, o riso, o nivelamento social e a fuga do oficial – e aparecem em diversos discursos, em vários gêneros. A festa da carne é contravenção que se institui por meio de três grandes categorias: “as formas dos ritos e espetáculos”, “obras cômicas verbais (...) de diversa natureza” e “diversas formas e gêneros do vocabulário familiar e grosseiro”.

Obs.: Utilize o link de comentários abaixo para discutir o tema dessa Roda de Conversa.

5 comentários:

Prof. Robson Santos disse...

Estou participando do 2º Simpósio de Hipertexto e participando de doutoramento em Psicologia Cognitiva-UFPE com temática bakhtiniana de carnavalização e polifonia aliada ao genero emergente da tecnologia digital: o chat.
Desejo participar desta roda de conversa e fazer parte do evento que ocorrerá em novembro...mas as inscrições já encerram...
Meu email : robssantoss@yahoo.com.br

Unknown disse...

Em A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais, Bakhtin ao discorrer sobre a natureza da festividade e a importância da comicidade que acompanha as atividades humanas, aponta que o riso e o sério nas etapas primitivas eram igualmente sagrados e oficiais. No entanto, com o estabelecimento do regime de classes e de Estado ocorre aí uma cisão, após a qual o riso se torna não oficial e as formas cômicas evoluem, “seu sentido modifica-se, elas complicam-se e aprofundam-se, para transformarem-se finalmente nas formas fundamentais de expressão da sensação popular do mundo, da cultura popular” (1987: 09).
Ao abordar a festividade na Idade Média, sob o regime feudal, Bakhtin nos mostra que a festa oficial “tendia a consagrar a estabilidade, a imutabilidade e a perenidade das regras que regiam o mundo: hierarquias, valores, normas e tabus religiosos, políticos e morais correntes” (idem) e que, portanto, o seu tom só podia ser o da seriedade. Em razão disso, na sua relação com os fins superiores da existência humana, a ressurreição e a renovação, a festividade só podia realizar-se na praça pública, no âmbito popular, no carnaval. O festejo popular, contrariamente a festa oficial, consagrava a liberdade, a quebra mesmo que provisória das relações hierárquicas, visava o futuro e a renovação e por isso o seu tom era o de comicidade e até mesmo parodização da seriedade religiosa e política.

Mrina, agora é com você

Anônimo disse...

O interessante é que a suspensão provisória da hierarquia, ao ser incorporada à obra de Rabelais, perenizou-se, mas ao mesmo tempo não aboliu a hierarquização, nem as tentativas de revertê-la. Essa tensão, que Bakhtin deixa explícita em sua leitura, feita em outra época, parece marcar toda a história da cultura e da sociedade desde o surgimento das protoformas do Estado.

Anônimo disse...

a questão do riso me interessa muito, a crítica do Bakhtin sobre a análise de Bergson que tirou do riso moderno a ambivalência encontrada nas figuras carnavalescas, grotescas: a bruxa velha prenha representando morte e vida ao mesmo tempo. Como sentir hoje o que era o riso daquela época? Na educação - campo onde trabalho questiono porque o riso é quase proibido, quantas vezes ouvimos uma professora ralhando: Menino, tá rindo porque? parece bobo? (no sentido de humilhar, diminuir mesmo). Outra questão que persigo - se a rua, a praça não são mais esses espaços de liberdade, as festividades e agrupamentos ocorrem onde? que lugares escondem essa permissividade? com quais linguagens? obs: trabalho com educação não formal e teatro de bonecos - terei escapatória?!

Unknown disse...

Hoje pesquiso as relações entre riso e formação. Meu interesse está na obra de Bakhtin, em especial penso no sentido da restauração. Essa era uma questão que me ntrigava muito: é possível encontrar o sentido restaurador no riso da contemporaneidade??? Só compreendi essa restauração ao fazer um curso de bufão. Compreendi no corpo. Assim como, também, o realismo grotesco e o coro - esse corpo universal e cósmico, como refere Bakhtin. Bom encontrar ressonãnicas para minhas indagações.
Meu e-mail: atovivo@gmail.com